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Análise: Bragantino expõe erros do Botafogo, e mudanças de Renato Paiva não casam com identidade do elenco

Análise: Bragantino expõe erros do Botafogo, e mudanças de Renato Paiva não casam com identidade do elenco

Português insiste com Patrick de Paula mais avançado e Savarino nas pontas, e time joga mal em derrota no Nabi Abi Chedid

Rio de Janeiro - A pressão alta colocada pelo RB Bragantino na vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, neste sábado, em jogo da 3ª rodada do Brasileirão, expôs uma série de erros que o clube carioca convive nas últimas semanas. O trabalho de Renato Paiva ainda está no início, é verdade, mas o desempenho no Nabi Abi Chedid foi um dos piores que a equipe teve nos últimos meses.

A ideia do português é clara: ter um time que atue no jogo posicional. Este estilo tático demanda que atletas ocupem determinados espaços dentro do gramado e coloquem largura, sempre tendo um ponta e/ou lateral bem abertos nos flancos, nos lados do campo.

O placar foi aberto ainda cedo, em boa jogada ensaiada. O Bragantino se aproveitou justamente de um time muito preso, com jogadores ocupando o mesmo espaço o tempo inteiro, para se sobressair em praticamente todas as fases do jogo. O Botafogo não teve resposta para a pressão alta na saída de bola colocada pelo time de Fernando Seabra.

John quase sempre iniciava as jogadas com um passe curto nos tiros de meta, sendo apoiado pelos zagueiros Barboza e Jair. O fator decisivo para as dificuldades do Alvinegro foi que Vitinho e Alex Telles, laterais titulares, apareciam muito baixo, quase ao lado dos zagueiros, para serem opções. Essas movimentações fizeram os atacantes do Bragantino pressionarem praticamente dentro da grande área. A alternativa foi dar chutão e rezar para Igor Jesus alcançar a bola.

— O Alex Telles foi mais vítima do que réu. A bola não chegou ao Alex Telles em momentos de tiros de meta, ele foi muito solicitado porque nós baixamos os laterais para jogar. Não conseguimos fazer a circulação chegar ao Telles. Por vezes a bola chegava ao Barboza e não ativamos o Telles com ele em vantagem. Isso também aconteceu com Jair, tendo Vitinho em vantagem. Esta circulação saindo a dois ou três, se você não leva a circulação com larguras o adversário fica tranquilo porque não se mexe. Não consegue entrelinhas, fora para dentro, não consegue aproveitar facões - analisou Paiva.

Com a defesa sufocada, os três homens de meio-campo foram mal na questão de se aproximar para tentar superar a forte marcação adversária. Mais uma vez, Renato Paiva iniciou a partida tendo Patrick de Paula em uma posição mais avançada no setor e, novamente, a opção não surtiu efeito: o camisa 6 ficou sumido na marcação, não foi uma alternativa para o Botafogo ter mais passes e pouco fez no ataque.

Mais do que isto, a mudança de colocar Patrick de Paula fora de sua posição de origem - ele rende mais como segundo volante -, é a consequência de ter Savarino como um ponta. O venezuelano de novo não teve atuação inspiradora partindo do lado esquerdo e passou batido no primeiro tempo.

— A questão do Patrick faz parte do projeto que temos para recuperar um bom jogador. Neste momento é um jogador que quer isso. Estamos aqui para isso. É um jogador que está muito bem nos treinos e tem feito jogos interessantes. Hoje mereceu sua titularidade. Primeiro para refrescar alguns, estamos jogando de três em três dias. Não é rodízio, mas estamos tentando encontrar o melhor encaixe na avaliação física. O Patrick jogou mais solto, não foi um 10, mas atuou mais nas costas dos marcadores. Por cansaço refrescamos a equipe - explicou o treinador.

As mudanças pensadas por Renato Paiva são, até agora, uma utopia que só dão certo no papel. Em campo, é um Botafogo que tem dificuldade para sair jogando curto e sobrevive de bolas longas na direção de Igor Jesus. Desta vez, o camisa 99 ficou isolado e pouco conseguiu fazer na parte de criação de jogadas - mesmo assim, teve duas ótimas chances de marcar: em uma parou na trave e na outra em defesa de Cleiton.

O elenco, praticamente desenhado e montado para atuar em 4-2-3-1, formação utilizada desde que o clube carioca se tornou SAF, não responde bem ao esquema com três volantes - por mais que a função de Patrick de Paula seja diferente. Os desempenhos contra Carabobo, apesar da vitória, e Universidad de Chile foram ruins.

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