Davi Maia, comandante do Handfamília/Recriança, lamenta não realização do estadual nesta temporada e considera momento delicado com ausência de trabalhos dos clubes na base
Rio Branco, AC - Único time inscrito para a disputa do Campeonato Acreano de Handebol, o Handfamília/Recriança, atual campeão estadual, foi declarado bicampeão pela Federação Acreana de Handebol (Fach) já que não teve concorrentes pelo título.
É o segundo título conquistado pela equipe comandada pelo técnico Davi Maia, que vê o handebol no estado enfrentando um momento difícil.
– Esse bicampeonato sem entrar em quadra é um diagnóstico, infelizmente, de uma situação muito grave que o handebol acreano enfrenta. Está rolando um debate muito complicado com críticas à Federação (Acreana de Handebol). Aí tem a Liga (Acreana de Handebol), que está buscando chegar e fazer um bom trabalho. Mas tanto Federação como Liga, infelizmente, vão se deparar com um problema grave que reflete esse estadual. Uma coisa que sempre defendi e o Hanfamília é o que é por conta desse meu pensamento de 12 anos atrás, que é treinar categoria de base – afirma.
De acordo com o treinador, se não houver interesse e investimento para o trabalho com as categorias de base, o handebol acreano deve padecer para formar novos atletas e manter um bom nível de competitividade.
– Quando você analisa a longo prazo vão vir consequências. Quando você tem uma ruptura e as escolas passam a não ter mais times de handebol, os clubes passam a não mais oxigenar a categoria de base, uma hora o efeito disso vai ser cobrado. Pra mim um dos principais fatores por conta do cenário atual, com as categorias de base cada vez mais precárias, não tendo quem se dedicasse, finda tendo resultado de não ter mais jogadores e equipes prontas a jogar em campeonatos futuros. O estadual do ano passado deu seis equipes com muita luta e o estadual deste ano foram abertas as inscrições, só que os times acreanos praticamente não existem mais. Com isso a gente já sabia que ia enfrentar sérias complicações – analisa.
Davi Maia ressalta, entretanto, que tem procurado fazer a parte que lhe cabe como dirigente e gestor do atual campeão estadual. Ele espera que a equipe tenha a oportunidade de jogar a Taça Amazônica de Handebol em 2023. O Handfamília/Recriança disputaria a competição nesta temporada, mas por conta da falta de recursos para conseguir chegar a Paraupebas, interior do Pará, onde ela foi realizada.
– Para os próximos anos vejo bem complicado. É escassez de atletas. Se a gente quer pensar num handebol pro futuro tem que se investir pra ontem em categoria de base. Vejo que, infelizmente, esse título chega de uma maneira bem complicada, a gente queria entrar em quadra e disputar. Por outro lado, era necessário a minha parte fazer para deixar tudo quites com a Federação pra gente ser referendado campeão pra poder estar apto para participar da Taça Amazônica. Vamos torcer que seja mais perto do Acre para poder participar – diz.
Para 2023, o treinador detalha os planos do bicampeão acreano e pensa em um intercâmbio, possivelmente com equipes de Porto Velho (RO), para tentar colocar o time em nível de competição e manter em atividade os atletas das categorias sub-18, sub-23 e adulto.
–São audaciosos e complicados porque se não tem nível para disputar com equipes aqui em Rio Branco é preciso ir procurar porque senão vai ficar uma equipe abaixo do nível que está o Norte. O que nos resta é fazer intercâmbio com Porto Velho, mas o problema é que são municípios longes, então finda tendo de quatro a cinco dias de viagem pra fazer esse intercâmbio e ter recursos também – finaliza.