Armadora esquerda tem 25 anos, é filha de ex-atleta de futsal e pratica handebol desde a infância. Ela fez 40 gols na competição regional e dedica conquistas à irmã, assassinada este ano
Rio Branco, AC - A armadora esquerda da Assermurb, Hortência Cavalcante, foi a artilheira da Taça Amazônica de Handebol Feminino – Liga Nacional Conferência Norte, disputada entre os dias 5 e 9 de setembro em Manaus, capital do Amazonas. Autora de 40 gols na competição, ela ajudou o time acreano a conquistar o terceiro lugar.
Filha do ex-atleta de futsal e atleta de futevôlei Baiche, Hortência tem 25 anos e pratica handebol desde os oito. Ela defende a Assermurb há oito anos e está no momento estudando para concluir o ensino médio.
– Desde pequena eu acompanhava meu pai nas quadras. Sempre via o amor que meu pai tinha pelo esporte e fui no mesmo barco, só que me apaixonei pela modalidade diferente. Graças a Deus meu pai sempre me apoiou e me acompanhou nas quadras também. Digo que praticar esporte tá no sangue, filha de peixe peixinho é. Handebol sempre foi o esporte da minha vida. Ultimamente tô só estudando, concluindo meus estudos agora porque eu trabalhava e o horário do meu emprego não dava para estudar – diz.
Nas últimas competições que a Assermurb participou, Hortência vem acumulando artilharias. Foi goleadora do estadual, do Handebol da Meia-Noite, da Copa Xapuri e de uma competição no município de Senador Guiomard. Ela exalta a campanha na Taça Amazônica e destaca que o trabalho feito pela Assermurb tem mantido o handebol feminino do Acre vivo.
– Graças a Deus, ultimamente sempre estou saindo com destaque de partida ou artilharia. Me sinto muito feliz em ter representado nosso estado nessa competição, por ter me destacado e ter ajudado minha equipe. Meu objetivo era alcançar o primeiro lugar, mas infelizmente não conseguimos. Mas os status individuais também servem pra motivar tanto a mim quanto a minha equipe. Nosso estado, infelizmente, não tem muitas competições que valorize nosso handebol, mas nosso time vem na luta crescente pra manter o handebol vivo. Não temos nenhum time profissional, porém o handebol sempre foi um sonho meu, um hobby, minha paixão desde criança, se pudesse ser uma profissão seria a minha.
A atleta lembra que recentemente sofreu a perda da irmã, que completaria 29 anos neste mês de setembro, assassinada pelo namorado. Era quem sempre esteve acompanhando-a nos jogos de handebol. Então, as conquistas no esporte têm sido dedicadas a ela.
– Perdi minha irmã tá com três meses. É muito ruim olhar pra arquibancada e não ver ela lá torcendo por mim mais. Já pensei em desistir de tudo não tinha forças mais p fazer nada. Mais sei que de onde minha irmã está ela está muito feliz com o que venho desfrutando no handebol, afinal ela sempre me apoiou, sempre foi me assistir, torcer por mim e ela não queria me ver desistir do esporte que mais amo, que sempre me empenhei desde criança. Hoje só tenho a dedicar tudo isso que estou ganhando pra ela, sinto que ela está presente comigo a todo momento dentro e fora de quadra – afirma.
– Dia 6/9, data do nosso segundo jogo (na Taça Amazônica) em Manaus, minha irmã completaria 29 anos. Ganhamos esse jogo (contra a Rádio Farol-RO) e dediquei essa vitória pra ela de presente de aniversário – completa.
Segundo a armadora da Assermurb, o sonho no esporte era se tornar atleta profissional. No entanto, algumas situações no decorrer da carreira acabaram impossibilitando a realização. Apesar disso, ela segue esperando o surgimento de uma oportunidade.
– Sempre pratiquei pensando em ter um objetivo maior que era sair daqui, mas aqui no Acre não temos muito essas oportunidades. Já fui chamada pra ir pro Acampamento da Seleção Brasileira, em 2013. Fui pro teste, passei, porém tive que voltar porque descobri uma gravidez. Perdi a oportunidade dos sonhos, mas sou muito grata pelos meus filhos abençoados que hoje são tudo pra mim e um dia espero a chance bater a minha porta de novo – finaliza.
“Infelizmente o Handebol aqui no Acre não é muito valorizado, não conseguimos viver dele aqui, pelo ao contrário temos muitos custos, temos que tirar do nosso próprio bolso pra poder jogar”.
— Hortência, armadora esquerda da Assermurb e artilheira da Taça Amazônica de Handebol Feminino 2023